A EMISSÃO MUNDIAL DE CARBONO - Um panorama atualizado

Sarah de Almeida Lima*

Nas últimas décadas o consumo mundial de energia, combinado com uma grande dependência de fontes advindas de combustíveis fósseis, resultou em um significativo aumento das emissões globais de CO2, a despeito dos avanços tecnológicos em eficiência energética e do rápido crescimento das fontes de energias renováveis na matriz energética mundial. 

Segundo a IEA (International Energy Agency), no ano de 2023 as emissões globais de CO2 aumentaram 1,1%, totalizando um acréscimo de 410 milhões de toneladas (Mt)1, o que fez alcançar o recorde de 37,4 mil milhões de toneladas (Gt) em emissões, dos quais 65% delas foram provenientes do uso de carvão. Por outro lado, o crescimento percentual dessas emissões foi substancialmente mais lento do que o crescimento do PIB global, que foi de cerca de 3% em 2023.

A energia limpa está no centro desta desaceleração das emissões de CO2.

Em 2023, as adições de capacidade global em energias eólica e solar fotovoltaica chegaram a um recorde de quase 540 GW, representando um aumento de 75% em relação a 2022.

Da mesma forma, as vendas globais de veículos elétricos aumentaram para cerca de 14 milhões, um crescimento de 35% comparado a 2022. Esse movimento em “direção à energia limpa”, está tendo um impacto significativo na redução das emissões globais de CO2.

De fato, e devido aos estímulos econômicos relacionados à Covid-19, houve uma notável aceleração na adoção de fontes de energia limpa a partir de 2019 que, entre os anos de 2019-2023, fez com que as emissões totais tenham aumentado cerca de 900 Mt.1 Dessa maneira, se não fosse pela contribuição da energia solar fotovoltaica, eólica e nuclear, entre outras, aliada a adoção da eletrificação veicular, o crescimento das emissões de CO2 teria sido três vezes maior.

É importante pontuar que devido à crescente inclusão de fontes de energia limpa na matriz energética mundial, observa-se uma minimização estrutural nas emissões totais de CO2, visto que, ao longo dos dez anos últimos anos as emissões globais de CO2 cresceram ligeiramente acima de 0,5%1 ao ano, que figura como a taxa de crescimento mais lenta desde a Grande Depressão de 1929.

Desse modo, e mesmo com o aumento contínuo da contribuição de fontes de energia limpa na matriz energética mundial, é possível identificar um cenário desafiador para o controle das emissões de CO2, já que, nas últimas décadas, elas vêm continuamente aumentando nos países em desenvolvimento. As emissões totais de CO2 da China, por exemplo, ultrapassaram as das economias avançadas combinadas em 2020 e, em 2023, foram 15% maiores (Figura 1). Nota-se, ainda, que a Índia superou a União Europeia em 2022, tornando-se a terceira maior fonte de emissões globais de CO2 em 2023. Ou seja, os países asiáticos em desenvolvimento são agora responsáveis por cerca de metade das emissões globais de CO2.

Figura 1 - Emissões totais de CO2 por região, de 2000 a 2023. Adaptado do “The Global Carbon Budget Office”, ligado ao “University of Exeter’s Global Systems Institute - https://www.iea.org/data-and-statistics/charts/co2-total-emissions-by-region-2000-2023

Deste cenário de fortes emissões de CO2 decorre, ainda, um fenômeno que deve ser cuidadosamente analisado e ponderado por nossa sociedade, que é o aumento líquido dos níveis atmosféricos de CO2, que têm impacto direto nas questões climáticas atuais.

De fato, está previsto um acúmulo médio de 419,3 partes por milhão de CO2 na atmosfera em 2023, o que é 51%2 acima dos níveis pré-revolução Industrial. Desse montante, aproximadamente 58% são capturados pelos “sumidouros naturais” terrestres e oceânicos (vide Figura 2). 

Figura 2 - Balanço global de emissões de carbono, em 2023. Adaptado da plataforma digital “global Carbon Atlas” - Global Carbon Budget. Disponível em: https://globalcarbonatlas.org/budgets/carbon-budget/

O restante, ou seja, 42% de todas as emissões de CO2, permanece na atmosfera terrestre, provocando as fortes alterações climáticas que ultimamente tem atingido todo o planeta com consequências, às vezes, devastadoras.

Autora:

Sarah de Almeida Lima, aluna de Engenharia de Produção na UEM e bolsista Fundação Araucária de Iniciação Tecnológica do NAPI EZC. Desenvolve o projeto na área do “Estudo comparativo entre diferentes fontes de energia renovável”, sob a orientação do Prof. Dr. Ivair Aparecido dos Santos, docente do DFI/UEM.

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