A redução da poluição do ar é um assunto em pauta globalmente na atualidade e, para tal, a redução da emissão dos gases do efeito estufa é um dos principais pontos de atenção. Essa poluição inclui, mas não se limita, ao gás carbônico (CO2) e os óxidos de azoto (NOx), gases do efeito estufa, e às PM2.5 (partículas menores que 2,5 micrômetros), todos prejudiciais à saúde. atualmente, almeja-se alcançar até 2050, uma redução de 80% da emissão desses poluentesem comparação com seus níveis em 1990 [1].
Um dos possíveis caminhos para atingir essa meta é a eletrificação dos meios de transporte. Essa eletrificação sofreu um crescimento exponencial nos últimos anos, principalmente com o maior desenvolvimento e venda de carros elétricos. Em 2022, foram vendidos mais de 10 milhões de carros elétricos, mais que o triplo das vendas nos três anos anteriores, e dentre os motivos do cidadão comum optar por um veículo elétrico estão o menor custo de operação, menor dependência de combustível e uma condução mais tranquila e silenciosa [2].
O veículo elétrico não possui emissões pelo escapamento (já que não possui um), o que já é uma vantagem sobre seu equivalente à combustão. No entanto, um veículo não emite poluentes somente em movimento, é necessário analisar a cadeia de processos presentes na geração da matriz energética que o alimenta, a qualtambém contribui para a poluição do ar.
Como pode-se observar na tabela 1, ambos os tipos de veículo possuem emissão de poluentes em sua produção de combustível e abastecimento. No entanto, deve-se considerar a descarbonização das matrizes energéticas com o passar do tempo e a atual utilização de fontes renováveis de energia.
Dessa forma, a emissão de poluentes para o abastecimento de veículos elétricos varia de acordo com onde e como ela é produzida e a tendência é que ela continue reduzindo com o tempo, conforme a utilização de combustíveis fósseis diminua.
Nos Estados Unidos, por exemplo, por mais que essa variação de geração energética exista, na média, um veículo elétrico comum ainda produz menos emissões que um à combustão [3].
A poluição causada por veículos em movimento não se resume aos gases vindos da exaustão do motor. Além disso, há a poluição causada pelos freios, pneus e desgaste da estrada. Como o veículo elétrico é geralmente mais pesado que o à combustão, a poluição pode ser maior.
Ao frear, o desgaste dos discos de freio liberam partículas na atmosfera. No entanto, a maioria dos veículos elétricos utiliza a frenagem regenerativa, a qual reduz o desgaste nesse sistema, além de alguns modelos utilizarem tambores de freio que capturam as partículas liberadas, não permitindo sua liberação na atmosfera. Tais tambores não são aplicáveis em veículos à combustão, por conta do calor gerado pelo freio, que é maior do que o gerado nos elétricos.
O desgaste dos pneus também será maior em veículos mais pesados, liberando maior quantidade de partículas. O peso maior também reflete no desgaste das estradas e a poeira espalhada nelas. Ainda assim, considerando o elétrico mais pesado, ao comparar a quantidade de PM2.5 emitido em comparação com o à combustão, os níveis são muito próximos e, se ambos possuírem o mesmo peso, o carro elétrico emite menos partículas [4].
Afinal, os carros elétricos reduzem a poluição atmosférica?
A resposta não é tão simples, embora caminhe para uma resposta afirmativa. A poluição total de um veículo elétrico não se resume apenas à ausência de um escapamento, mas também a questões como a composição de seus sistemas e a matriz energética que o abastece, mas, no geral, possui menor emissão.
Com o passar do tempo, a evolução da tecnologia com a melhora das composições dos pneus e estradas e a descarbonização das matrizes energéticas tendem a tornar os carros elétricos uma alternativa ainda mais atrativa para a redução de gases do efeito estufa e PM2.5 e ,consequentemente, reduzir a poluição atmosférica.
Referências:
[1]https://www.nrdc.org/bio/luke-tonachel/study-electric-vehicles-can-dramatically-reduce-carbon-pollution-transportation
[2]https://www2.purpleair.com/blogs/blog-home/how-electric-cars-impact-air-quality
[3]https://blog.ucsusa.org/dave-reichmuth/todays-electric-vehicles-can-greatly-reduce-emissions-from-driving/
[4]https://www.sustainabilitybynumbers.com/p/electric-vehicles-air-pollution
Autor:
Bruno Alberelo Soares é bolsista Fundação Araucária de Iniciação Tecnológica do NAPI EZC, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Fernando Cótica, docente do DFI/UEM.